Descobrindo Yorkshire (1)

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DESCOBRINDO YORKSHIRE (PARTE 1)

Oi gente! Como passaram a semana? Fiquei tão feliz com a resposta positiva de vocês na página do Facebook do VTTW, e também pelos comentários! Obrigada mesmo! (:

Como prometido, voltei para continuar falando da minha viagem pelo Reino Unido, dessa vez (finalmente) parando de falar sobre Londres e indo rumo norte para Yorkshire, que não é o cachorrinho, mas sim o maior condado do Reino Unido, com um monte de história e tradições próprias. Conhecemos duas cidades bastante diferentes por lá. No post de hoje eu vou falar sobre Sheffield, uma cidade que me fez falar (demais) sobre a Revolução Industrial!

Mas antes disso, só para situar vocês...

AULINHA RÁPIDA DE GEOGRAFIA

O Condado de York - Yorkshire - tem cinco vezes o número de habitantes da Escócia toda. Para vocês verem como a distribuição demográfica no Reino Unido é esquisita! De qualquer jeito, ele é um tão grande que é dividido administrativamente em quatro partes - sem muita criatividade, veja bem - Norte, Sul, Leste e Oeste. Sheffield, de quem eu vou falar hoje, é a principal cidade da Yorkshire do Sul. Mas York, de quem eu vou falar no próximo post, fica em Yorkshire do Norte.

Muito blablablá. Vou mostrar nos mapas!

extensão histórica - em vermelho - do Condado de York

Hoje vamos falar da estrelinha azul! Parece tão longe de Londres, né?


SHEFFIELD SURPREENDENTE

Seguimos viagem num sábado de sol, saindo da Victoria (:D), que é tanto estação de trens quanto rodoviária, para nos encontrarmos com o príncipe nosso amigo escocês, Alistair, que mora e trabalha na cidade de Sheffield.

"Tudo bem, pode me chamar de príncipe!"

A viagem de Londres até Sheffield dura, de ônibus, mais ou menos três horas. Não é tão longe quanto parece no mapa! O trem chega meia hora mais cedo e é algumas libras mais caro. O ar condicionado do ônibus estava -15ºC, eu juro. E enquanto eu congelava e ouvia uma musiquinha, reparava a paisagem repetitiva: campos abertos alternados com colinas baixas, moinhos de energia eólica e, como por lá estamos na primavera, campos amarelos nas plantações de canola.

A paisagem bonita na estrada inglesa (:
Chegamos em Sheffield umas oito da noite, apesar de ainda estar bastante sol. Para essas bandas, durante a primavera e o verão, escurece bem tarde mesmo, às vezes até as 23h. O Alistair veio nos buscar e, enquanto íamos de táxi até a casa dele, nos contou em poucas palavras sobre a cidade em que morava: a quinta mais populosa da Inglaterra, com um passado industrial pesado e um presente universitário e musical tão pesado quanto. Eu, não realmente satisfeita com essas informações, fiz notas mentais sobre o que pesquisaria mais tarde.

Na realidade, Sheffield não é apenas a quinta da Inglaterra, como também a sexta cidade mais populosa do Reino Unido todo (lembram da diferença?). O censo de 2011 estipulava pouco mais de 580 mil habitantes. Não parece muita coisa, mas temos que levar em consideração que o Reino Unido todo tem 64 milhões de habitantes (13 desses vivendo na área metropolitana de Londres).

É engraçado, mas acho que nós brasileiros, acostumados com nosso país gigantesco em área e números (somos mais de 200 milhões de teimosos), achamos tudo muito pouco e perto quando vamos para a Europa.

É perto mesmo. É pouco mesmo. No dia seguinte, caminhando pela cidade (fizemos 80% do passeio à pé), achamos tudo ridiculamente pequeno para ser a sexta maior cidade do Reino Unido. Mas não por isso deixou de ser surpreendente!

A bonita catedral de Sheffield e uma coisa comum em cidades industriais: a pedra suja pela poluição.
Passado Industrial

Realmente, Sheffield teve seu boom como cidade durante a Revolução Industrial, a partir do fim do século XVIII. Costumo pensar - eu e o Matheus inclusive falamos sobre isso durante nossa visita - que a Revolução Industrial só pode ser comparada, em termos de importância para a humanidade, com a Revolução Agrária. Isso porque mudou completamente a vida em sociedade do ser humano. Hoje em dia, passamos por uma nova revolução, também, a digital, mas isso não vem ao caso!

Basicamente, sendo bastante didática e sem entrar em muitos detalhes, a Revolução Industrial foi uma transição dos métodos de produção. O trabalho manual (artesanal talvez seja uma palavra melhor) é substituído, devido ao desenvolvimento tecnológico e cientifico, pelo maquinário. Essas mudanças revolucionaram a sociedade e a economia de uma forma sem precedentes.

Sheffield, por sua posição estratégica - cercada de rios e colinas cheias de reservas minerais, como carvão e minério de ferro - sempre foi bastante industrial. Mesmo bem antes do século XVIII, já era a uma grande produtora de espadas e facas, entre outros utensílios de bronze e ferro.

A grande indústria que se desenvolveu em Sheffield foi do aço. A cidade vivenciou tanto os lucros quanto os prejuízos dessa nova era. Algumas descobertas revolucionaram completamente o processo de produção do aço. Inclusive, o advento do aço inoxidável ali mesmo enriqueceu como nunca antes os bolsos britânicos, e chamou a atenção de estudiosos para as péssimas condições dos trabalhadores.

Assim, Sheffield também foi um centro de formação sindical. Hoje em dia os prédios que antes pertenciam a alguns dos primeiros sindicatos de trabalhadores de que se tem notícia fazem parte do patrimônio histórico da cidade. A poluição das fábricas fez com que a região tivesse um título triste durante um tempo - George Orwell (o autor de 1984) a chamou de "a cidade mais feia do velho mundo".

Queria fazer uma observação rápida sobre a coisa mais mágica, na minha opinião, de viajar. Imaginem só vocês que o aço inoxidável foi inventado nessa cidade que a maioria das pessoas nem sabe que existe. Imaginem só que essa descoberta hoje em dia toca o mundo inteiro em nossa volta. Arquitetura, indústria automobilística, aviação, medicina, até culinária. Viajando, você entra em contato com coisas que mudaram a história da humanidade. E por menores que elas sejam, descobrir isso sempre é enorme.

vista a partir da praça da prefeitura de Sheffield (:

Mas de feia, hoje em dia, Sheffield não tem nada! É uma das áreas que mais cresce economicamente no Reino Unido, com muitas oportunidades de emprego para jovens. Como o Alistair mencionou no passeio de táxi, as universidades e escolas são bastante conceituadas no mundo inteiro. Outra coisa conceituada? Bandas novas do rock britânico que saíram de lá para estourar internacionalmente, como os Arctic Monkeys e o Pulp.

Comida de pub

No domingo, fomos a um pub tradicional local - The York (já fica a recomendação) - para uma das tradições britânicas mais deliciosas, o Sunday Roast ou o "assado de domingo". São normalmente carnes (de boi, de cordeiro, de porco e também frango) que são assadas lentamente, acompanhadas de batatas e outros legumes e verduras (cenoura, vagem, tipos de nabo que não encontramos por aqui, couve e repolho).

O sunday roast vem com o típico gravy britânico - que é o molho feito a partir dos sucos da carne  e dos legumes durante o cozimento - e os Yorkshire puddings ou "pudins de Yorkshire", que apesar desse nome são salgados - uma espécie de quiche sem queijo, feito com ovos e leite. Os sabores são, ao mesmo tempo, familiares e estranhos à culinária brasileira. Eu, fã de carne do jeito que sou, achei uma delícia.

Outra curiosidade surpreendente sobre Sheffield - vocês sabiam que o Sheffield FC é o time de futebol independente mais velho do mundo? Os britânicos são tão malucos por futebol quanto os brasileiros, gente. No domingo, eles só fazem isso. Assistem futebol. Parece familiar?

Da esquerda para a direita - Matheus, Jeremy, eu e o Alistair (com o meu óculos), prontos para devorar o sunday roast!

Esses dias foram mais para curtir nossos amigos, por isso infelizmente não tenho tantas fotos quanto gostaria. No dia seguinte, pegamos um trem para conhecer a estrela de Yorkshire - a Cidade de York - que será também a estrela do meu próximo post, que eu espero conseguir publicar já na próxima quarta-feira! (: Desse vocês podem esperar uma galeria recheada! Obrigada ao Matheus por me deixar usar algumas de suas fotos lindas nesse especial!

Eu recomendo que vocês façam um amigo escocês, gente. Todo mundo deveria ter um.




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